10/10/2007

FILHOS DE HOMOSSEXUAIS

Porque é esta uma questão do momento?

É politicamente correcto defender a igualdade de direitos para todos os grupos minoritários, existente na sociedade, diferenciem-se eles por razões étnicas, sexuais, religiosas, etc, etc.

Neste "blog", respeitando todas as minorias, interessa-nos em particular a minoria constituída pelos homossexuais (m/f).

Se se perguntar à esmagadora maioria das pessoas se está de acordo com a igualdade de direitos dos homossexuais (m/f), a maioria responderá que sim.

Pergunte-se sobre homossexuais (m/f), terem filhos e aí o caso muda de figura.

A maioria estará contra.

Mas nesta maioria também estão muitos homossexuais (m/f).

Também há, e são cada vez mais, os que sentem que ter filhos, é uma responsabilidade a longo prazo que não estão disponíveis para assumir, sejam heterossexuais ou homossexuais (m/f).

Filhos de homossexuais – naturais, "produzidos" e adoptados – porquê?

O que são filhos naturais? Para facilitar a compreensão e somente para efeitos do nosso "blog", vamos considerar como filhos naturais, os de Pai ou Mãe homossexual, mas concebidos e nascidos no âmbito de um casamento ou relação heterossexual.

O que são filhos "produzidos"? Para facilitar a compreensão e somente para efeitos do nosso "blog", vamos considerar como filhos "produzidos", os de Pai ou Mãe homossexual, mas concebidos e nascidos no âmbito de um casamento ou relação homossexual, em que o casal recorreu a terceiros (fora da relação) para "ter acesso a um óvulo e a um útero" ou para "ter acesso a espermatozóides".



O que são filhos adoptados? Para facilitar a compreensão e somente para efeitos do nosso "blog", vamos considerar como filhos adoptados, aqueles que o são por um casal homossexual (m/f), através dos serviços públicos existentes para o efeito, e em concorrência com os casais heterossexuais.

Este espaço do nosso "blog", é dedicado a todos os que quiserem expressar livremente, as suas opiniões sobre este assunto, não havendo qualquer censura prévia ao que cada um escreve, reservando-nos contudo o direito de retirar ( à posteriori) quaisquer inserções lesivas da reputação ou que prejudiquem ou ofendam os direitos individuais de qualquer pessoa.

Qualquer pessoa visada em comentários neste "blog" pode solicitar a retirada do comentário com um simples e-mail para info@trumps.pt.

Solicitamos a alguns amigos que dessem o "pontapé" de saída.

FACTO: “...outras formas de maus tratos contra crianças, praticados pelos próprios pais: o abuso físico e o abuso sexual:” (Observatório da Infância, 9.Agosto.2000)

FACTO: “Um novo estudo revela que os maus tratos infantis provocam 3.500 mortes por ano nos países desenvolvidos” (Lançamento do relatório “Report Card 5” do Centro Innocenti, 18.Setembro.2003)

FACTO: “Portugal lidera na morte por maus tratos a crianças. Portugal ocupou em 2004 o primeiro lugar nos casos de maus tratos a crianças com consequências mortais, numa lista de 27 países industrializados da OCDE”. (Correio da Manhã, 13.Maio.2005)

FACTO: “Maus tratos vitimam uma criança em cada dois dias, em Portugal”. (Diário Digital/Lusa, 16.Julho.2006)

FACTO: “Fátima Letícia foi vítima de maus tratos em Dezembro 2005 pelos pais e chegou a estar em coma no hospital pediátrico de Coimbra. Em Outubro de 2003, Catarina, de dois anos e meio, foi encontrada morta em casa, em Ermesinde, com sinais de violência física e provocada pelo pai e pela madrasta, tia da menina”. (Diário Digital/Lusa, 16.Julho.2006)

FACTO: “Segundo um estudo da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), em cada dois dias uma criança portuguesa é vítima de maus tratos, violência essa que, muitas vezes, provoca a morte. A associação revelou ainda que, no primeiro trimestre de 2006, perto de cem crianças foram vítimas de maus tratos. Na maioria destas situações, o autor do crime mantém uma relação de consanguinidade com as crianças que agride, sendo que os pais são os principais agressores (63,9%)”. (Cruzeiro do Tejo, 21.Setembro.2006)

FACTO: “A morte em Monção de uma menina de dois anos alegadamente vítima de maus tratos, divulgada esta quarta-feira, eleva para oito o número de crianças que morreram vítimas de violência infligida por familiares ou vizinhos desde 2003, noticia a agência Lusa”: (PortugalDiário, 27.Dezembro.2006)

FACTO: “Autópsia de menina revela indícios de maus tratos (...) A mãe da criança foi ontem ouvida no Tribunal de Monção, onde regressa hoje e os restantes três irmãos foram entregues a uma família de acolhimento”. (Diário de Notícias, 29. Dezembro 2006).

FACTO: “Mãe mata cinco filhos à facada e tenta suicidar-se. A Bélgica está em estado de choque. Uma dona de casa belga, de 40 anos, terá matado ontem os cinco filhos à facada e tentou em seguida suicidar-se antes de pedir ajuda aos serviços de socorro”: (Diário de Notícias, 1.Março.2007)

FACTO: “Crime horroroso em Viseu. Mãe mata os dois filhos. Maria Helena, de 40 anos, sofria de depressão. Ontem á tarde degolou os dois filhos menores com uma serra eléctrica, em casa, no bairro de Santiago, em Viseu – e suicidou-se com a mesma arma”: (Correio da Manhã, 12.Setembro.2007).

FACTO: A Associação Novo Futuro tem por objecto criar e gerir pequenos lares para crianças e jovens – sem família ou retirados à família por ordem dos Tribunais.

FACTO: Instituições de apoio à criança:
- unicef
- instituto de apoio à criança
- ajuda de berço
- acreditar
- fundação portuguesa de apoio à criança
- .....

Os factos falam por si. Falam pela dor das vítimas, falam pelo medo, falam pelo último soluço que não chega a nascer na garganta, após a agressão.

Falam por todas as crianças – geradas e criadas por heterossexuais – que só têm uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma.

Falam por vidas só feitas de noite. Mas de noite que nunca teve uma só estrela.

Se a maldade é contagiosa e deixa um rasto de peçonha por onde passa, o amor não é menos contagioso, mas cura. Cura a peçonha, cura as lágrimas, cura toda a dor. Eu sei.

Mas há coisas na vida que não são contagiosas. A homossexualidade é certamente uma delas.

Saber se uma criança deve poder ser adoptada por um casal constituído por duas pessoas do mesmo sexo é estúpido e destituído de sentido.

A questão a colocar é outra: é perguntar se uma criança deve ser criada num ambiente de amor e bem-estar ou ser vítima de sevícias. Estamos a falar de uma criança! Não é permitido esquecer.

As regras a que a adopção deve obedecer não me interessam. Os políticos, os psicólogos, os sociólogos os ...ólogos que as discutam.

O meu nome é Maria Filomena Falé. Sou totalmente heterossexual, consultora jurídica, terapeuta, escrevo livros. Sou solteira e não tenho filhos.

Sou gente.

7 comentários:

abcd disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
SAUDAVEL disse...

"A questão a colocar é outra: é perguntar se uma criança deve ser criada num ambiente de amor e bem-estar ou ser vítima de sevícias. Estamos a falar de uma criança! Não é permitido esquecer."

NÃO POSSO ESTAR MAIS DE ACORDO ...

Mas será que a autora destas linhas, brilhantemente escritas, se lembrou das cruéis sevÍcias de que uma criança "filha", de por exemplo 2 homens gays, será alvo na escola primária e, na secundária em especial? Lembrou-se dos 8 anos de sevícias constantes que esta criança irá sofrer, às mãos dos colegas, filhos de pais e mães homofóbicas, que até confundem "gays" com pedófilos?
Lembrou-se das reuniões de Pais na escola desta criança?
Lembrou-se das festas de Natal na escola desta criança'
Lembrou-se das festas de aniversário desta criança?

O problema é que o preconceito homofóbico existe e nenhuma criança deverá ficar exposta às cruéis consequências de tal preconceito. Os "filhos" de gays não tem maneira de escapar, a não ser que se escondam. Mas não será essa a maior das sevícias - ter de esconder-se?

José Mendes disse...

Absolutamente de acordo... para além dessas sevícias Saudável, não esqueçamos que infelizmente, o preconceito leva que a adopção seja bastante descriminatória.
É preferivel uma criança viver num lar de amor, afecto, atenção homossexual, ou numa das casas de acolhimento em que os maus tratos predominam o dia a dia?
Certamente que essa autora não olhou para aspectos positivos num lar afectuoso, quando ela própria ignora a sua existência.Se não é permitido esquecer que falamos de uma criança, como podemos esquecer que são os adultos que amam essa mesma criança?

Nhepras disse...

Estou compeltamente em acordo com as afirmções da autora.

A meu ver, a orientação sexual é o que menos importa numa educação de uma criança. Chega de argumentos de que "contra-natura" ou que "tem que haver um papel da mãe". Para isso tem-se os exemplos das famílias monoparentais, e não me parece que sejam discriminadas por isso.

Tudo bem que a educação por parte de homossexuais escapa aos padrões de família tradicional (instituído pela Igreja e reforçado pela sociedade, diga-se de passagem), mas tal não invalida que a criança tenha afecto, abrigo e compreensão por parte dos seus tutores.

Quanto aos comentários dos intervientes do fórum do blog, tenho a dizer que, em parte, discordo com eles. É um facto que a criança criada por casais homosseuxais irá perguntar-se a si mesma por que não tem um pai e uma mãe quando confrotada com os assuntos da escola e abordagens de colegas de pais heterossexuais. Nesse caso, parecendo difícil de permear mas nunca descabido, acho que cabe aos pais explicarem aos filhos que nem tudo é igual, felizmente...
Gira tudo em volta de uma questão de educação. É verdade que o preconceito bate sempre à porta, mas nunca é demais saber combatê-lo.

Assim termino com um caso exemplar de uma criança que não se embaraça de ter dois pais.

http://www.youtube.com/watch?v=ryEGg8e_Hik

José Mendes disse...

Olá jelly, não pude deixar de ler o teu comentário, mas na minha opinão, acho que ambos dizem a mesma coisa, simplesmente com interpertações diferentes...
Quanto à orientação sexual?? Bem, isso tem sido tema de debate desde muito tempo... achas-te orientado(a) por algum motivo? O facto de se ser homossexual ou não, não é uma orientação realizada no desenvolvimento de cada um. Existem inúmeras "explicações" para a (homo)sexualidade. Uns apontam para vertente biológica, outros a social, outros ainda para os traumas de infância entre outras tentativas de explicações... pensemos então na cultura. Coloco como exemplo (atipico) nascemos e dizem-nos que um objecto em que nos sentamos se chama azeitona, certamente será esso o nome que lhe será atribuido e não actuamente, cadeira.
Colocam-se aqui questões culturais que deverão ser "observadas" desde a raiz.
Sei que este comentário/critica parece um tanto louca... mas pensemos de outra forma.
Questione a sua idade, certamente essa contagem é desde a hora do seu nascimento. Coloco a questão? e os nove meses que pernaceu no ventre da mãe?
É aqui que quero realmente chegar, não se pode simplesmente opiniar em questões pertinentes somente olhando-se a si mesmo.Deve-se avaliar a questão de uma forma ampla e cuidada.
"...uma criança que não se embaraça de ter dois pais" bem, acho que não se sabe ao certo qual a educação(como muito bem refere)/cultura a que a criança foi "sujeita".

Blog logo existo disse...

É uma questão pertinente, se a criança se envergonhará por ter dois pais ou duas mães. Mas mais pertinente ainda seria perguntar se deveremos privar uma criança do amor de uma família para evitar esse hipotético sofrimento.Será que nos devemos privar de agir correctamente motivados pelos preconceitos da maioria? Claro que não! Haverá crianças que, no seu espaço, na sua cultura, na sua sociedade se envergonharão de ter dois progenitores do mesmo sexo. Outras crianças, num espaço, cultura e sociedade diferentes encararão com orgulho essa situação. Pensemos no caso dos filhos de casais divorciados e no estigma que isso representava há algumas décadas atrás. Essas criança, filhos e filhas de pais divorciados, são hoje homens e mulheres plenos. Certamente houve crianças, filhos e filhas de pais divorciados, que passaram provações na escola ou cujos amigos foram proibidos de brincar com com elas por adultos preconceituosos. Mas sobreviveram, uns melhor que outros, mas sobreviveram. E hoje em dia o que pensamos do divórcio? Feliz ou infelizmente é coisa banal. Também assim será, coisa banal ser-se filho de progenitores do mesmo sexo. Alguns irão sofrer mais que outros é certo. Mas esse sofrimento, sempre que ocorra, será causado por pessoas preconceituosas e nunca pelos pais que verdadeiramente amem os seus filhos.

Eduardo Ribeiro disse...

A minha sincera opinião em relação aos pontos de vista pró ou contra crianças em seios familiares homossexuais é tão curta quanto isto: o facto do meio familiar não ser o tradicional marido/mulher não significa que a criança não sejam tão bem ou melhor educada que num seio familiar tradicional.
Repugna-me que se utilizem argumentos como descriminações e homofobismos, educação deficitária ou maus exemplos, como todas as vezes que este tema vem à baila faz suscitar.
O importante na vida de uma criança é ser amada e sentir-se amada, quer esse amor surja de uma familia composta por uma mãe e um pai ou por dois pais ou duas mães.
Lembro a todos aqueles que vão começar a levantar as falsas questões do homofobismo escolar, por parte dos colegas, que se isso acontece não será porque as crianças acham que é errado ou pouco normal que o colega só tenha pais ou mães, mas sim porque são esses os comentários que ela ouve em casa dos pais. Se acham que é esse o grande problema, eu apresento uma solução simples e eficaz, se não formos homofóbicos, se não nos metermos na vida alheia, talvez esse tipo de situações deixem de existir e quiçá nós próprios podemos ser mais felizes enquanto pessoas.
O grande problema da nossa sociedade é que gosta de julgar e se achar capaz de mostrar moralidade, quando por vezes nem para si mesma, a tem.
O cerne desta questão, não é, nem nunca será, o ser ou não errado crianças serem criadas por casais homossexuais, o homofobismo que as crianças irão sofrer ou o se elas terão a educação/amor devido num seio familiar homossexual, mas sim a hipocrisia de todos nós, porque nos achamos no direito de julgar os outros, de regulamentar o que é aceitável e não o é e de comentar a vida e as opções que a nós próprios não nos convêm.
Se cada um de nós se preocupar menos com o facto do vizinho ser ou não boa pessoa e pensar se nós ssremos ou não boas pessoas, garanto-vos que esta e outras questões homofóbicas que assolam comunidades minoritárias (a gay é só mais uma, existem inúmeras comunidades que também sofrem opressões homofóbicas por motivos tão diversos e distintos) deixam de existir e em breve as crianças podem crescer em lares com amor e carinho quer eles sejam hetero ou homossexuais.
Eu pessoalmente, acho muito mais grave situações de violência infantil, maus tratos, e falta de amor e carinho pelas crianças, que se habitam entre nós foi por livre e espontânea vontade de quem as concebeu e não certamente delas. Acho que o ponto fulcral que todos nós temos que pensar é, será que respeitamos a liberdade das crianças ou será que apenas queremos fazer aquilo que nós preconcebemos como o que é e não é normal.
Pensem nisto!